Tem dias, como hoje, que olho no espelho e vejo o quanto tem muito de mãe em mim e menos da mulher que eu costumava ser. Me cobro diariamente para ser uma mãe melhor (e como me cobro), gritar menos, brincar mais com a cria, mas raramente consigo enxergar o quão mãe eu sou! O quanto a maternidade me mudou.
Mas hoje, gente, hoje a maternidade me atropelou. Hoje foi o dia do refugo. Dia que desejei que meu cabelo não estivesse em coque (que se tornou quase uma marca minha) mas que estive escovado ou com uma cor nova. Desejei do fundo da alma, que estive em um salto 15 MARA que apertasse até minha alma, em vez das sapatilhas confortáveis que me habituei a usar.
Hoje, confesso, chorei. Me tranquei no banheiro e me permiti chorar. Não por culpa por querer uma vida social. Mas por alivio, por finalmente me permitir sentir saudades dessa vida que me parece tão distante. E me permitir sentir assim sem culpa!
A sociedade e eu mesma me imponho que a maternidade é o paraíso, e me sentir sufocada por ela, ou com saudades de coisas que não seja relacionado a ser mãe, se tornou um fardo pra mim. Quase que um crime capital! Afinal, como posso eu, que fui abençoada com a dadiva de ser mãe, querer uma folga de tudo isso?
Mas olha, tem dias, como hoje, que tudo que eu queria era farrear! Sair sem me preocupar se o tempo vai mudar e se tenho roupas extras de frio para as crias! Ir a algum lugar sem me preocupar se tem trocador. Se tem alguma comida aceitável ou se precisarei levar de casa. Só hoje eu queria ser mais mulher do que mãe. E eu me permiti sentir isso. Claro que com uma cria de 11 meses isso tudo ainda não é possível. Mas só de me permitir, já me fez um bem danado. Já me deixou leve!
A vontade já passou e assim que olhei para os olhinhos lindos da minha bebê, que acabou de jogar água nela inteira e da minha mocinha que precisa de ajuda na lição de casa, eu vi o quanto essa abdicação vale a pena.
Mas, confesso, que hoje, ao ir ao caixa eletrônico, botei um batom vinho lindo e mais uma vez me permiti ser a mulher que a muito já fui! Sem culpa!
Um beijo vermelho pra vocês!
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Nossa , como você conseguiu descrever exatamente como nos sentimos as vezes. A maternidade realmente exige muito da gente e muitas vezes o nosso lado mulher fica esquecido. Aos poucos as coisas vão se encaixando eles vão crescendo e a gente vai retornando a ser pelo menos um pouquinho do que éramos antes de ser mãe. Qrande beijo !
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